quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Revista Gloss também é cultura!

Outro dia estava conversando com um dos meus amigos homens (eu quase não tenho amigas mulheres e não é pq eu não quero, elas é que não costumam gostar de mim) e a gente estava "filosofando" acerca de relacionamentos e tal. aí ele disse que homens não podem demonstrar fraquezas diante das mulheres. eu disse que ele já me revelou algumas fobias bem engraçadas (não que fobias sejam fraquezas, a minha é simplesmente hilária, quem me conhece sabe.) e ele respondeu, como uma conclusão óbvia: "mas vc não é mulher, né?"

Ok, calma, eu não sou um travesti! com isso ele quis dizer que eu tenho comportamentos masculinos no que diz respeito a relacionamentos afetivos e sexuais. deve ser verdade, sei lá.

bem, só estou fazendo esse momento divã pq li hj na Gloss (antes que vcs digam que ler Gloss é coisa de mulherzinha, eu explico: estava querendo saber sobre as tendencias de moda e maquiagem do verão. tá, é um motivo de mulherzinha, mas tb, what the fuck. ) uma reportagem sobre mulheres entre os 20 e os 30 anos com alergia a relacionamentos estáveis (eu não estou só no mundo! uhu!). por várias razões: não querem perder a liberdade, tem metas profissionais, etc. ou seja, tudo o que os homens alegaram por mais de 100 anos e que para eles era considerado normal, mas que ainda escandaliza as famílias de bem da nossa sociedade quando dito por bocas femininas.

enfim, todos conhecem a minha opinião sobre o assunto. não é sobre isso que eu quero escrever. é sobre algumas coisas engraçadas que li na tal reportagem. hoje estou leviana e bem-humorada.
(só hoje?)

a primeira delas: uma estatística que diz que as mulheres solteiras têm renda 60% maior do que as casadas.
cara, cadê a minha renda?!! pq eu sou tão mais pobre que as minhas amigas casadas, que vivem viajando, comprando roupa cara com o cartão de crédito do maridão??!! isto está estatiscamente errado!!!!!

a segunda delas: toda reportagem sempre chama um ou mais especialistas pra dar um pitaco. em geral, em reportagens sobre relacionamentos, eles chamam um psciólogo ou similar. dessa vez, chamaram um "professor de relacionamento amoroso" (?), da USP.

cara, onde eu posso conhecer um desses??? preciso muito de um consultor particular!!! como vivi minha vida ate hj sem um professor de relacionamento amoroso?? pq perdi tanto tempo com professores de matemática, inglês e expressão corporal??!!

a terceira delas: uma das entrevistadas disse que só quer se amarrar qd encontrar o cara "certo". eu particularmente acho que tudo o que é "certo" é muito chato. sempre sonhei em ser feliz pra sempre até o mes que vem com o cara errado. esse aí é que seria "certo" pra alguém tão gauche na vida quanto eu. mas tudo bem, entendo quem procura o certo. o problema é que ela disse que o namorado ideal seria uma mistura de Johnny Depp com Hugh Jackman.

algo me diz que essa aí vai ficar solteira ainda por um bom tempo...embora isso não seja ruim, claro.

de qq forma, se vcs virem por aí um sósia do Antonio Banderas, com o intelecto do Oscar Wilde, a sexualidade do Michael Douglas e a voz do Barry White, me apresentem.

hugs and kisses.

PS : caros 5 leitores, comentem os posts!! a amiguinha anda com carencia afetiva...sabe como é canceriano, ainda mais qd o Natal tá chegando... :)

sábado, 22 de novembro de 2008

Poesia numa hora dessas???

"A vida é tão bela que chega a dar medo.
Não o medo que paralisa e gela,
Estátua súbita,
Mas
Esse medo fascinante de curiosidade que faz
O jovem felino seguir para frente farejando o vento
Ao sair; a primeira vez, da gruta.
Medo que ofusca: luz! (...)
Adolescente, olha! A vida é nova...
A vida é nova e anda nua
- vestida apenas com o teu desejo!"

(Mário Quintana)

E então mais uma vez constato as maravilhas da "dançaterapia"; dançar por horas, na escuridão, fechando os olhos para o estrobo, ao som de tudo o que eu amo ouvir; os riffs de guitarra, velhos conhecidos, soam como vozes humanas e amigas, que falam comigo, e me acalmam, alegram e aconchegam.

principalmente não pensar mais, silenciar o leprechaum da racionalidade que mora na minha cabeça. e não ser nada além de um corpo que se movimenta, e uma voz que grita desafinadamente a letra da canção, garavada na minha mente desde o tempo em que a vida era mais fácil e os dinossauros ainda caminhavam sobre a Terra. Se a minha fono descobre, me mata!

na verdade não sei pq estou nervosa. tenho a impressão de que, depois de dois anos lutando contra muralhas e moinhos de vento, me deparo finalmente com todas as portas abertas. de repente, é possível concretizar todos os sonhos alimentados com carinho há mais de 10 anos. de repente, eu tenho possibilidades de trabalho, eu tenho amor, eu tenho o aconchego dos meus amigos,eu tenho a pista só pra mim, eu tenho todas as portas abertas, embora ainda não as tenha atravessado. se atravessar, vou sair do outro lado irremediavelmente mudada, mas igualmente feliz- essa tranquila certeza me possui. isso é lindo, me sinto viva, mas é assustador,então me dá esse frio no baixo-ventre, essa vontade Felícia de abraçar todo mundo, essa mistura de carencia, euforia e paz...ai, amigo, preciso saber qual o transito astral dessa semana, quero entender o que acontece dentro de mim!!!!

então saio da pista dez quilos mais leve, suada e com a já conhecida aura de fumaça. após um banho que me lava a alma e um sono reparador na cama que já associo aos bons momentos dos fins de semana, um capuccino com leite e canela- e a companhia que me faz bem.
thanks, sister. :)

e o mundo me espera lá fora, com suas quimeras e salamandras mágicas....seus perigos, que são demais, para quem, como eu, tem paixão, paixões, em excesso...

"A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas.
Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta?"

( Mário Quintana)


PS: caros 5 leitores, sei que citar é brega, mas Mário Quintana, Manuel Bandeira e Morrissey compreendem a alma dos cancerianos. E tenho dito.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Da série: criança diz cada uma...

Eu sei que os meus queridos 5 leitores já estão pensando que meu blog é sobre educação, mas creiam-me, não é! eu só escrevo muito sobre isso pq penso um bocado sobre esse assunto. e as outras coisas sobre as quais costumo pensar são impublicáveis. hehehehe.

mas, enfim, o post de hj nem é sobre educação, mas apenas sobre algumas histórias engraçadas com os meus alunos.

como todos sabem, dia 20 é Dia Nacional da Consciencia Negra. Então, resolvi explicar um popco sobre isso para a minha turminha de 6 anos. tentei adaptar a importancia da luta contra a discriminação de qualquer espécie à linguagem deles, explicando que se tratava de um dia para pensarmos sobre como é ruim discriminar as pessoas que são diferentes de nós, seja na cor da pele, na forma física (os gordinhos), na maneira de se locomover (como os cadeirantes),etc.

enfim, eles entenderam esse conceito muito bem, e ate aplicaram o novo conhecimento depois (acusando o colega que estava implicando de "discriminação"), mas então um deles me perguntou pq esse dia, especificamente, foi escolhido para isso.

Aí tentei explicar um pouco para eles sobre o quilombo dos palmares, e a figura de Zumbi. então começaram os desenganos:

-Ah, tia, eu sei! Zumbi é um cara que tava morto, então voltou, e fica andando assim (estende os braços pra frente e revira os olhos).

-Onde vc viu isso, Francisco??

-Na novela dos Mutantes!!

Thank you, Rede Record. Thank you.

Segue-se a explicação sobre as origens africanas do nome de Zumbi e sua TOTAL desassociação com a novela "Mutantes". então, um pouco da história da escravidaõ, os quilombos, o quilombo dos Palmares, etc. tudo ia bem, até que outro menino conclui:

-Que legal, tia! Então, os homens brancos faziam maldades com os homens negros. obrigavam a trabalhar, batiam e vendiam na feira. aí eles ficaram tristes com isso, fugiram e criaram os qui...quilomblos. e o Zumbi criou o dos palmares. e hj não tem mais escravidaõ, ainda bem! mas o mais legal de tudo é que esse chefe aí, do quilombo dos palmares, tava morto, voltou e ficou andando assim , né? (braços estendidos pra frente e olhos revirados).

Suspiro.

a outra história é mais curta e talvez mais engraçada. uma das minhas alunas viajou para Aparecida do Norte e me trouxe uma daquelas fitinhas que a gente amarra e faz um pedido. pois bem, eu amarrei no meu chaveiro e disse a ela que estava fazendo um pedido. Nisso, uma aluna comenta em segredo com outra:

-aposto que a professora está pedidndo pra turma ficar comportada!

Realmente, só com a intervenção da Aparecida...

bom feriado a todos!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Atenção: essa é uma obra de ficção. qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais é mera coincidencia!

Do diário de alguém...

"Impressionante como a vida da gente muda em poucos instantes. eu que achava que já estava velha demais pra isso...bastaram uns cabelos ruivinhos, uns olhos azuis-escuros, alguns sorrisos de órfão desamparado e pronto, estou de volta aos 15 anos de idade, com vontade de escrever um nome que não é o meu em todos os lugares, pensando o dia inteiro na mesma coisa, como um leitmotiv involuntário. assim não dá, 30 anos e ainda se apaixonando como uma vaca sentimental??!!

mas não foi minha culpa, o problema caiu no meu colo. parece que estou ouvindo a minha mãe, "mas quando é que você vai crescer??!!" nunca, maezinha, nunca, eu ouvi Ramones demais na minha eterna adolescencia, e por isso hoje I don't wanna grow up.

Vontade de contar pra todo mundo, de "mandar flores ao delegado, de beijar o portugês da padaria"...e daí que eu tenho marido e filhos? o que eles tem a ver com isso?? uma respeitável mãe de família não pode simplesmente sorrir sem motivo, querer se sentir mais bonita, pensar o dia inteiro em uma abstração perigosamente real?... "não minta pra si mesma", digo, "o que vc viu no espelho daquele motel não tinha nada de abstração. admita logo que vc é uma cachorra"!!!

putz. que melodramático.

mas o problema não é o que aconteceu no motel, é o que acontece aqui dentro. o problema não é ele, não é o meu marido, não sao os meus filhos. não é o fato de eu ter inventado essa paixão pra fugir dos meus problemas reais e insolúveis: falta de dinheiro, uma carreira que não vai pra frente apesar de todos os esforços e de toda a confiança que minha mãe tinha em mim, o medo sempre à espreita, "voce vai morrer jovem e sem ter realizado nada do que gostaria".

o problema sou eu. sempre sou eu."

PS: queridos 5 leitores, só um aviso: sim, de vez em quando eu resolvo pagar de ficcionista e dar corpo ás vozes que falam na minha imaginação. sei que o nome cientifico disso é "esquizofrenia", mas, enfim, aqui é o meu conjugado. bem, sintam-se em casa: sei que sou uma "ficcionista" atroz, então podem malhar á vontade, abrir a geladeira, usar o telefone sem pedir and stuff.

hugs and kisses.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pense positivo, Garoto Enxaqueca...

estive pensando sobre essa história de pensamento positivo. me lembrei que qd era adolescente eu detestava esse assunto e queria estrangular o Lair Ribeiro nas tripas do Hugh Pratt.

hoje já não sou mais tão radical (só sobre esse assunto, que fique bem claro).mas continuo achando que o conceito que a gente pode fazer disso é muito relativo.

conheço pessoas que evitam certas palavras, que não se permitem sentir raiva ou tristeza, que evitam a companhia de algumas pessoas, tudo em nome desse tal "pensamento positivo".

é claro que eu sei que pensar que as coisas podem dar certo é melhor do que pensar que elas vão dar errado.na pior das das hipóteses, evita mau humor e rugas. sem contar que teve um sábio oriental desses aí que disse uma coisa que é verdade: "atenção ao que vc pensa, está na raiz do que vc faz". ou seja, se vc pensa em fazer tudo pra dar certo, vc vai fazer exatamente isso. mas daí a diminuir meu vocabulário ou me proibir de sentir raiva qd tenho razões pra isso e de chorar dores verdadeiras...vai uma grande distância.

(aliás, falando em sábios chineses, qq dia desses conto aqui uma história hilária que envolve o Confúcio e a minha família. em outra ocasião. é engraçado de verdade.)

me lembro de quando saiu aquele livro, "O Segredo". Eu sou leitora compulsiva e nunca critico o que não conheço, portanto, em uma tarde livre, sentei em um café desses de livraria e li o dito cujo. Na boa, aquilo era "segredo" pra quem?? tipo, eu já sabia. aliás, qualquer pagão (religião á qual pertenço) sabe que acreditar em vc mesmo, nos seus sonhos e nos pequenos milagres que a Mãe nos dá todos os dias só pode fazer bem.


mas me incomoda um pouco essa necessidade que as pessoas tem cada vez mais de se sentirem o tempo todo bem. Ou de acreditarem que tudo vai "dar certo" sempre. isso é impossível. é claro que a gente deve lutar pra sentir bem, ate pq estar triste ou puto da vida não é gostoso, e, assim como Lorde Henry, eu tb busco o prazer. mas de vez em quando, se sentir frustrado, irritado, desanimado, triste, ansioso, desesperado, faz parte da nossa condição humana. o problema é ficar o tempo todo desse jeito, ou não confiar em vc mesmo e na sua missão .


vejo muita gente que acha que calmante e antidepressivo são remédios pra tudo. já vi receitarem antidepressivos para alguém que tinha acabado de perder o grande amor de sua vida após um longo e desgastante tratamento de saúde (que infelizmente não pode salvá-la). na minha humilde opinião, alguém que enterrou a esposa há uma semana não está deprimido, está triste, e com razão. depressão, até onde eu sei, é um estado de tristeza sem causa aparente, ou com causa , mas que dura mais de dois anos. o que aconteceu com a tradição do luto que durava seis meses?


ja quiseram me dar calmante pra tudo. minha família e alguns conhecidos me consideram uma pessoa "geniosa" e "difícil". correndo o risco de soar arrogante, eu digo que não sou assim. sou bem-humorada 90% do tempo, o problema é que não escondo se estiver irritada.

Acho que se sentir mal não faz vc "pensar negativo". a diferença toda está em como vc encara isso. se encarar tendo a certeza de que, pode demorar, mas vai passar, e que vc pode voltar a se sentir bem, não tem problema nenhum. reprimir as emoções ruins não é saudável. se vc as sente, elas vão embora, libertas. se reprimir, elas podem ate causar doenças, ficando escondidas em vc.


e acho também que, de vez em quando achar que tudo vai dar errado e duvidar de vc mesmo é humano, e pode até ser bom sob certos aspectos. afinal, tudo aquilo que a gente não questiona, a gente não tem certeza.


enfim, continuo achando que ter fé na vida, alegria, prazer em coisas simples, fé em vc mesmo e na sua missão só faz bem, faz a gente viver melhor. mas reprimir sentimentos, escolher palavras ou andar por aí repetindo mantras do tipo "eu me aprovo", tô fora.

Tb acho que o Bukowiski é o melhor exemplo de que o importante é acreditar em vc mesmo. o cara definitivamente não se preocupava em manter sua "energia positiva", e isso não o impediu de morrer completamente realizado. O Velho Safado jamais duvidou de sua vontade e capacidade de escrever.

(aliás, uma das frases dele de que mais gosto é "as pessoas não precisam de amor, precisam de sucesso". na verdade, não é "sucesso" naquele sentido yankee, de winners e losers, mas sim no sentido de conquistas, de ver seus sonhos realizados, ainda que eles pareçam tolos para as outras pessoas.)

outra coisa de que não gosto é essa história de "o universo conspira com vc". O Universo está muito ocupado existindo. ele não tem tempo para vc. quem tem que conspirar a seu favor é vc mesmo. se quiser uma mão pra te ajudar, vai encontrar no final do seu braço.


sabe aquela história de "a fé remove montanhas"? pois é, o pessoal esquece a pá. pra remover a montanha, tem que ter a fé, a montanha e pá! sem trabalho, suor, sacrifícios, luta e busca não se chega a lugar nenhum!


agora, lutar acreditando que vc tem as armas certas pra isso ajuda muito. e devemos ser sinceros nessa avaliação. se vc achar que não tem as armas certas, vá consegui-las. tudo na vida tem um preço. pra conseguir o que vc quer, vc deve pagá-lo. de preferencia, sem reclamar, já que vc pode escolher não pagar, certo? é por isso que não podemos culpar ninguém pelos nossos fracassos: só a nós mesmos!


o que me faz pensar em outra coisa, naquela "entidade" muito cultuada no meio artístico: o tal do "talento". isso não existe. o que existe é gente com um pouco mais de facilidade pra aprender uma determinada coisa. aliás, eu como professora afirmo que cada um tem uma habilidade, é só procurar direitinho. mas se vc quiser se dedicar a uma coisa na qual não é naturalmente "bom", basta se esforçar. aliás, de nada adianta ter "talento" se o mesmo não for desenvolvido.


penso tb a mesma coisa sobre a tal da "sorte".


na verdade, é dificil reconher que nossa felicidade e realização estao unicamente nas nossas mãos. é mais fácil achar que o universo, Deus, e a "energia" estão nessa com a gente. ou achar que a gente não conseguiu porque não teve "sorte" ou talento".

é claro que a Mãe as vezes testa a gente, e nos ajuda a servi-la onde ela nos quer servindo, e nem sempre onde nós achamos melhor. mas creia-me: ela quer seus filhos felizes: jamais vai dar a nenhum deles uma missão que o deixe infeliz.

mas agora, de repente me ocorreu que esse assunto não é importante, importante é que hoje é sexta feira e amanha tem pista do Vitinho no Bukowiski Bar. o Vitinho (ou DJ Operacional) é o único homem que eu conheço capaz de me dar orgasmos múltiplos sem me tocar.

e, em homenagem a ele, a citação de hoje é: "Enjoy the silence," Depeche Mode. pra perder a linha na pista não tem nada melhor...até o dia raiar! uhu! :)


eu também posso pagar de Oscar Wilde

"um país se faz com homens e livros"

(Monteiro Lobato)

"Um país feliz se faz com liberdade, homens, mulheres, livros,trabalho com amor, comida, capuccino, sexo, pistas de dança com rock e pop, viagens, risadas, amigos, cosméticos da Natura e sol"

(Maria Fernanda Lamim)

Ontem escutei "La isla bonita" da Madonna, e me lembrei de como essa música é ótima para dançar.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

descontrolada!




já que não consegui resolver nada do que precisava resolver hoje, vou ficar aqui postando. azar de quem ler...
Tendo um flashback ao som de "Don't speak", do No Doubt (como o tempo passa!)


PS: vou continuar citando músicas quando eu queiser. afinal, se o JP Cuenca pode, por que eu não?




essa juventude de hoje...

Eu sei que o assunto é gasto: esse papo de "as crianças de hoje são terríveis" existe desde a Grécia Antiga. è possível encontrar textos de Aristóteles se queixando da indisciplina e desinteresse de seus discípulos. Os professores e pais sempre acharam que a juventude era "difícil". e os alunos sempre nos consideraram uns chatos. até aí, morreu o Neves.

mas não foi isso o que me intrigou no (excelente) documentário "Pro dia nascer feliz" , que assisti recentemente. O documentário mostra a realidade de várias escolas, públicas e particulares, em várias cidades de todo o Brasil. Tem coisas interessantíssimas, e outras que já são velhas conhecidas dos professores. mas o que mais me chamou a atençao foi uma outra coisa que já vinha me colocando pulgas atrás da orelha: porque as crianças do Rio de Janeiro simplesmente não conseguem controlar seus próprios corpos e sua propria voz?

eu explico. já tinha notado, nos meus alunos e nas outras crianças da escola onde trabalho, que raras são as que possuem um centro, fisicamante falando. a maioria simplesmente não consegue executar funções simples como andar, pegar objetos, guardar materiais sem chutar, bater e esbarrar em tudo, fazer um estardalhaço sem tamanho.

da mesma forma, não conseguem conversar em tom de voz normal. isso é facilmente observado em portas de escolas: as crianças e principalmente os adolescentes, frequentemente estão só conversando, mas quando vc passa perto, tem a impressão de que estão brigando por suas vidas.
falam e riem aos berros o tempo todo.

eu achava que era uma caracteristica dessa geração, criada à base de TV e Counter Strike. mas vendo o filme, fiquei surpresa com o controle motor e o tom de voz dos alunos de cidades de Pernambuco e dos estados do Sul. E antes que me digam que essas cidades são menores e portanto, mais calmas, eu respondo: os alunos de São Paulo também tinham mais autodomínio!

Já tinha observado isso nos meus alunos de apenas 5 anos: eram completamente incapazes de controlar seus corpos, e nenhum deles tinha qualquer tipo de problema motor (é só ver como conseguem reproduzir as complicadíssimas coreografias de funk). comecei a desenvolver um trabalho com eles nesse sentido: fizemos alongamentos, relaxamento, exercícios de respiração e consciencia corporal, exercitamos o contato com o outro e com o espaço, utilizando pra isso muitos exercícios que aprendi na faculdade de Artes Cênicas. Também fazia, duas vezes por semana um exercício montessoriano chamado Linha, que objetiva dar aos alunos exatamente esse equilíbrio, esse "centro", do qual eles pareciam precisar tanto.

Tive que enfrentar inúmeras repreensões da direção da escola, defendendo o meu trabalho com embasamento teórico. Por fim, me proibiram terminantemente de fazer os relaxamentos com a luz apagada. tive também que ignorar a ironia de colegas.

mas pude ver algum resultado. tenho a impressão de que agora, meus alunos se movimentam com um pouco mais de delicadeza. também passaram a conversar sem berrar, embora ainda falem muito alto.

mas a coisa continua me intrigando. o que há com as crianças do nosso estado? será o vento do oceano atlântico que deixa todos assim?pensando nisso, eu até reconsidero a minha má vontade com o mestrado e pesquisas de um modo geral...acho que gostaria de responder a essa pergunta.

enfim, se alguém tiver alguma resposta, tese ou palpite, me diga. cartas para a redação...

Indagações de uma professora desesperada

Andei pensando sobre essa história toda aí de "acabar com a aprovação automática". Eu sempre fui defensora da escola ciclada, embora saiba que a maioria dos professores e dos outros membros da comunidade escolar (responsáveis, direção, alunos, etc) é contra. Normal: a maioria se formou e trabalhou dentro da escola seriada, e não se adaptou ao método.

mas acho que tem um erro básico nesse oba-oba de "acabar". ninguém parou pra pensar que a escola ciclada é um modelo moderno, internacional e que deu certo em muitos lugares. e, pelo menos na minha opinião, é o modelo mais adequado à rede municipal do Rio. nós recebemos crianças muito diversas, e em situações sociais quase sempre dificeis. a escola ciclada permite que cada uma tenha seu ritmo. Concordo que no Rio a coisa não tem funcionado como deveria, mas então seria o caso de nos dar a estrutura que falta: diminuir o quantitativo de alunos por turma (assim o professor pode dar mais atenção individual aos alunos que tem mais dificuldades), contratar profissonais de apoio (psicólogos, psicopedagogos, etc) para todas as escolas...

seria muito mais barato e eficiente do que "voltar tudo como era antes ao quartel de Abrantes".

O argumento da maioria das pessoas é de que "os alunos chegam na quarta série sem saber ler". bem, existe um erro aí. as crianças em situação social de risco sempre tiveram dificuldades de aprendizado. a diferença é que na escola seriada, ficavam reporovadas. isso é péssimo, pois mexe com a auto-estima e a auto- confiança da criança; é quase como carimbar na testa dela: "reprovado". e, em famílias com dificuldades financeiras, o que acabava acontecendo era a evasão escolar. a família deixava de acreditar na capacidade da criança e a tirava da escola, quase sempre para colocá-la no mercado de trabalho infantil. que bonito papael a escola fez na vida dessa criança, não?

com os ciclos, as crianças com dificuldades pararam de sair da escola. e chegaram às séries finais, com suas dificuldades.

números são manipuláveis; é fácil usar essas estatísticas pra dizer que a escola piorou. na verdade, elas mostram outra coisa: o funil alargou.

concordo que as crianças com dificuldades deveriam estar chegando ás series finais com avanços muito maiores. creiam, esse é o desejo de todo professor que honre seu diploma.

è muito facil culpar os professores, dizer que a gente não ensina nem avalia mais. também é fácil dizer que o bom e velho medo da "nota vermelha" era um estimulo eficiente pra fazer as crianças e adolescentes estudarem. mas a verdade é que a gente luta sozinho contra coisas demais. contra uma realidade social difícil, contra uma crise de valores que atinge a sociedade e as famílias, contra a falta de verbas e recursos, contra as deficiencias da nossa propria formação, contra um sistema educacional que cada vez mais nos condena a ficar obsoletos. e, quando se tem alguma inovação, como foram os ciclos, ela é logo sufocada.

li um artigo da Viviane Mosé que dizia que a gente devia buscar uma escola que ensine, não uma escola que reprove. estou de acordo.

o problema é que a sociedade continua vendo a escola como a instituição que mantém as regras da sociedade, e não que as questiona. se a regra da sociedade é competir e só premiar quem anda "dentro da linha", a escola tem que seguir esse modelo; nada de pensar em outras formas de desenvolver os múltiplos talentos humanos...

os pais ainda querem "provas, notas vermelhas"; os professores ainda querem esse poder; os alunos ainda não pensam por conta própria, adestrados por anos de educação tecnicista.

por causa dessas coisas, já me perguntei mil vezes porque, afinal de contas, virei professora. quase desisti da profissão, mas hoje acho que errados estão os outros (arrogancia pouca é bobagem). errado está o professor que precisa da ameaça da "nota vermelha", o pai ou mãe que precisa da reprovação pra fazer seu filho reconhecer a importancia da escolaridade e o aluno que não se interessa por seu futuro.

vcs podem até dizer que "uma andorinha só não faz verão", mas creiam, eu estou mais pra gralha do que pra andorinha. e se não faço verão, pelo menos barulho eu posso fazer, e faço sempre que tenho oportunidade...




ERRATA: no ultimo post, sobre minha experiencia subversiva no Jardim de infância (pra vcs verem que é de pequeno que se torce o pepino) disse que tudo ocorreu em uma eleição pra prefeito, em 1984. na verdade, foi pra governador do Estado do Rio, em 1986. bem, deem um desconto, afinal eu só tinha 5 anos e fiquei traumatizada com a agressão...


Ao som de "I've got you under my skin", com o Sinatra, tocando em um cyber cafe caído do centro