quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Poema Amarelinho

Pátio
com sol.

Amarelinha
no chão.

Duas meninas
uma, pálida, uma nuvem de cabelo preto.
A outra, moreninha,
toda cachos e covinhas.

Rolam a pedrinha, pulam, correm, riem, tiram os sapatos.
os passarinhos e plantas também brincam.
Até o sol quer pular.

Mais a frente
serão engenheiras professoras tias noivas maes consumidoras

e terão
contas casas filhos namorados  enxaquecas aspiradores de pó computadores

Terao tambem
a lembrança do sol do cheiro do som das cores
desse dia de amarelinha.

(porque sempre carregamos essas impressões pela vida afora, né)

(se foi assim assim será)

Mas agora
elas ainda nao sabem que são eternas.




sábado, 26 de maio de 2012

Cheek to cheek

-Eu nunca vou te deixar cair.

 Musica, abraço apertado, girar, girar. Seu perfume, o calor do seu peito, a força dos seus braços nas minhas costas.

 -Eu nunca vou te deixar cair.

 E eu queria responder que te amei e amo, de novo, e amarei, de novo, mas cade coragem?

 -Eu nunca vou te deixar cair.

 E se eu estiver errada, me enganando, então que seja. Quero me enganar só hoje, só agora, na pista de dança. Só um pouquinho. So por hoje, como os alcoolatras. Porque estou tão cansada...só por hoje me apoiar no seu abraço, aceitar o abrigo dos seus ombros.

 -Eu nunca vou te deixar cair.

 "O esforço pra lembrar/é vontade de esquecer", alguem canta, longe, longe, e será que o esforço pra esquecer é vontade de lembrar, então?

 -Eu nunca vou te deixar cair.

 E com voce eu danço, no pó da estrada, no ritmo, fora dele, e deixo vc conduzir. fecho os olhos e te sigo. E não me importo se estão olhando e não entendendo nada.

 -Eu nunca vou te deixar cair.

 E eu nao vou esquecer disso. :)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Volto de viagem e os problemas me esperam sentados na sala de casa. O importante e caminhar sempre:quando estou na trilha eles não podem me pegar. Deixar a saudade vir e ir embora. Porque não tenho escolha. Mas ela sempre vai embora. E um dia ela não volta mais.

quinta-feira, 1 de março de 2012

O Rei de Paus

E nao e bem uma dor. E so uma ausencia que esta aqui. Nao tem ansiedade, angustia, lamuria, lagrima. Tambem nao tem ilusao: sei perfeitamente que essa foi a melhor soluçao - na verdade nao havia outra possivel. Estamos, como diria o Doutor Pangloss, no melhor dos mundos. Ainda tenho lucidez pra ver isso- it's all about chorar o morto.

Mas a ausencia esta aqui. Senta do meu lado no onibus e no metro, depois que baixa a adrenalina do furor pedagogico, ou depois que as amigas pagam as caipvodkas e vao embora. Ela se enrosca do lado direito da cama na hora de dormir, me lembrando de pratos compartilhados de arroz integral, me lembrando de um dia na praia e uma noite de chuva, me lembrando de quando eu lavei seu cabelo, me lembrando os beijos, me lembrando, me lembrando, me lembrando.

se vai passar? ah, eu sei que vai...mas por enquanto, esta aqui.