terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sticky, sweet & fucking good!

Amigos, eu fui! Fui ao show da diva Madonna no domingo, no Maracanã, debaixo de uma chuvinha muito chata (fuck the rain, it has to go!). E tenho uns pitacos a dar, aqui, na sala (ou quarto, afinal, é conjugado) da minha shoebox.

Madonna é indiscutivelmente inteligente. mesmo aqueles que detestam louras, música pop, que detestam a própria Madonna têm que concordar. Acho que ela é o único caso de artista pop que cumpriu 25 anos de carrera sem jamais aparentar o mínimo sinal de decadencia. não é pra qualquer um. Michael não conseguiu, e duvido muito que nossa Britney "Crhistiane F" Spears chegue lá tão bem assim.

A maior prova de sua inteligência e capacidade de gerir a própria carreira e imagem é que ela sempre se reinventa. investe em novos estilos musicais, está sempre atenta ao que o público quer (por favor, sem discursos do tipo "o artista tem que se expressar"e bláláblá, estamos falando de música pop, pop, entendeu?). Seu show refletiu isso muito bem: intercalando sucessos antigos com músicas novas, agrada aos fãs de 12 e aos de 40, que acompanharam o início de sua carreira, ainda sem músculos, de cabelo despenteado e cantando Everybody. Mas, como ela não é boba, as músicas antigas são apresentadas em nova roupagem, com novos (e bons) arranjos.

Não vou nem mencionar o cuidado, profissionalismo e produção impecável do espetáculo: efeitos criativos, direção primorosa, coreografias bem boladas e ensaiadas, som irretocável, iluminação de tirar o fôlego e a excelente forma da loura. tudo isso todo mundo já sabe, é lugar comum, mas mesmo assim surpreende quando a gente ve de perto. eu sei o perrengue que é apresentar um espetáculo. como é difícil lidar com tantas variaveis, e tudo o que é humano é variavel. é surpreendente que uma produção daquele tamanho, envolvendo tantos artistas e tecnicos, resulte em algo tão afinado e proximo da perfeição.

mas enfim, isso aí não é só ela que faz: vemos outros exemplos de artistas que apresentam, espetáculos impecáveis, há 20 e tantos anos, especialmente quando têm dinheiro para suas produções. Exatamente por isso o que mais mexeu comigo no show da Madonna não foi a perfeição técnica, e sim a entrega dela como artista. ninguém faz 25 anos bem sucedidos de carreira artistica em cima de marketing, queridos. Madonna tem algo a dizer, tem uma verdade inegável como artista, e se dá inteira quando em cena. creiam-me, isso é duro. compartilhar sua energia, de cima do palco, com não-sei-quantas mil pessoas da platéia pode ser muito assutador- além de um sugadouro da sua energia vital.

e o que a gente mais ve por aí é gente que depois que já arranjou seu lugarzinho ao sol do mainstream, entra na famosa "zona de conforto". O U2 é um exemplo. fazem um show irretocável, mas sem a mesma entrega de há 20 anos. Madonna, aos 52 de vida e 25 de carreira, não precisava mais dançar, cantar, sapatear tanto; mas faz, e com a mesma energia dos shows da década de 80. só não usa mais os sutiãs pontudos!

ela anda de quatro, se arrasta no chão,conversa com o público, toma chuva, canta a capela, pula corda e exibe, gaiata, os músculos muito bem trabalhados pela yoga em duas horas (que parecem 15 minutos) de show. o que vemos ali não é alguém já "acostumado" a isso, nem uma artista já meio passada querendo tirar uma grana com a própria fama (como o meu querido Axl Rose fez aqui no Rock in Rio), fazendo cover de si mesma. vc vai a um show do Eric Clapton, por exemplo, pra ver o que foi o Eric Clapton. Mas quando vai a um show da Madonna, vc ve o que é a Madonna.

Olha, nada contra o Eric Clapton, eu fui no show dele na apoteose, em 2002, e curti muito! é só uma referencia, e tal...

a impressão que fica é que Madonna, mais do que qualquer outra coisa, ama fazer aquilo. Dançar, cantar, interagir com o público. e ainda sente o mesmo tesão ( no bom setido, amigos, no bom sentido!) que sentia aos 23 anos, cantando Hollyday de body preto com calça boca-de-sino.

Bem, os pontos altos, pra mim, foram "Into the groove" e "La isla bonita", sucessos que não saem da minha playlist. Mas fiquei também boquiaberta com a performance de "She's not me", onde ela ironiza sua própria imagem de artista. Muito bem bolado.

Bem, em janeiro, além de entrar no cheque especial de novo, vou escrever mais um comentário sobre shows, afinal, Sir Elton Jhon is coming to town!!

beijocas doces,
Maria

PS: A música de hoje é uma da loura que eu adoro, mas acho que ninguém lembra mais: "Spanish Eyes". Mais alguém sente vontade de abraçar ursinhos de pelúcia e cantar junto baixinho quando ouve essa baladinha no meio da madrugada? ou eu sou a única louca?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Retrospectiva 2008

Eu sei que é brega, mas todo ano eu acabo fazendo uma retrospectiva mental do que se passou.

Aliás, eu amo o Natal (ou o solstício de verão), mas o Ano Novo me deixa meio angustiada, sei lá pq. então esse ano resolvi fazer a "retrô" tb por aqui.



Em 2008, eu:



- passei um verão divertido, apesar das chuvas; fiz novos amigos, saí, dei risadas, dancei, tomei sol, dei e recebi amor e carinho, andei de braço dado (adoro!) , etc;

-trabalhei em uma colônia de férias e redescobri o prazer de pular corda;

-meu carnaval não foi lá essas coisas, mas não se pode ganhar todas;

- voltei a trabalhar com educação infantil, e reaprendi a escrever com letra bastão.

- aprendi muito sobre o meu trabalho em educação, com a turma mais difícil da minha carreira,e muitos conflitos com a direção da escola;

-redescobri meu lado (muito pequeno) de atriz, em um processo coletivo complicado e produtivo, onde também aprendi muito;

-aumentei minha flexibilidade: agora consigo alongar os braços quase até os tornozelos quando estou em pé (iupi!)

- passei 4 meses dormindo apenas 4 horas por noite;

- fiquei em temporada no teatro Miguel Falabella, que era um sonho antigo;

-tirei meu registro de atriz/diretora, coisa que vinha adiando há anos;

-trabalhei nas férias de meio de ano, pq precisava juntar dinheiro;

- visitei o túmulo da minha mãe duas vezes. sei que lá é só um local de homenagem, que ela está na Terra da Juventude (ou no Parnaso, como ela queria) mas mesmo assim não quero que fique esquecido;

-descobri que tenho um amigo que, por ser diferente de mim, me ensina muito;

-ganhei presentes maravilhosos;

-passei a noite do meu aniversário dançando com amigos (não há nada melhor);

- aliás, passei pelo menos 1/5 de 2008 dançando (heheheh);

-talvez tenha passado mais 1/5 lendo (incluindo aí muito Bukowiski, Marion Zimmer Bradley, Agatha Christie, Aldous Huxley, e, agora pro final do ano, descobri Simone de Beauvoir);

-descobri, estranhamente, após um sentimento ruim, que tenho meios de realizar um sonho alimentado com carinho há pelo menos 9 anos;

-revi totalmente, a partir disso, minha auto-imagem e também a maneira como estava conduzindo as minhas coisas. após isso, percebi que sou muito mais livre do que poderia imaginar;

-ajudei amigos nas horas dificeis e pedi a ajuda deles;

-ri de alegria, sozinha, pesando nos meus planos;

-redescobri o prazer de ouvir música no ônibus, graças a um celular com rádio;

-me alimentei bem;

-tive vitórias e derrotas na minha batalha diária pelos meus alunos. pude ajudar alguns, mas não todos;

-descobri que pedir carinho de vez em quando não é humilhante;

-comecei a compreender um pouco mais sobre a magia do cinema;

-descobri que as pessoas as vezes se enganam (positivamente) comigo;

-descobri um problema nas cordas vocais e comecei a trata-lo;

-tive que engavetar meu projeto sobre Artur Azevedo, mas estreei minha contação de histórias;

-não consegui colar grau na UFRJ;

-comecei a cursar a licenciatura;

-pela primeira vez um trabalho me procurou, e não o contrário;

-voltei a falar com uma amiga que andava afastada, por um lamentável equivoco,e que me fazia muita falta;

-reencontrei, em uma noite muito louca, outro amigo que me fazia muita falta, e que não sei pq andava afastado também!

-vi portas serem abertas por acaso, após dois anos de lutas inglórias contra muralhas e moinhos de vento indestrutíveis. de repente, e como se tudo o que eu amo, é como se a minha vida estivesse voltando pra mim;

- passei ótimos momentos de total entrega e comunhão de corpos e almas;

-e quando já considerava o ano encerrado, justamente quando achava que estava tudo em seu lugar, me vi em uma situação absolutamente inédita. pela primeira vez em toda a minha vida não sei o que quero. pela primeira vez não me sinto tão livre, independente, segura. estou assustada, mas não sei dizer se é ruim. descobri meu lado mulherzinha! :)

-descobri que preciso deixar claro para as pessoas que ser independente não é prescindir de companhia e de ajuda;

-descobri que sei fazer as pessoas rirem, e nem sempre acho isso bom;

-redescobri o prazer de escrever.



por enquanto, foi só. mas, enfim, ainda faltam 22 dias até o final de 2008...



hugs and kisses,

Maria